Comer saudável é caro?
Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde. E por pensarem ansiosamente no futuro esquecem do presente de forma que acabam por não viver nem no presente nem no futuro. Vivem como se nunca fossem morrer e morrem como se nunca tivessem vivido. ~ Dalai Lama
Esta frase inspira-me a questionar o seguinte: mais do que o custo real das coisas devemos mesmos perguntar-nos aquilo que desejamos para nós e para a nossa família? Certamente que se for este o ponto de partida para as nossas escolhas alimentares, o custo perde parte da importância.
Ainda assim, a verdade é que os produtos de origem orgânica e biológica são mais caros do que os demais de agricultura convencional e por isso é importante fazer a melhor gestão possível do orçamento familiar.
De todo o modo, a verdade é que talvez não seja comer orgânico que é muito caro, comer mal e escolhas erradas é que é demasiado barato. E se assim é as razões não serão certamente as melhores: trabalho escravo, mal remunerado e intensivo, uso de pesticidas e herbicidas e muito impacto no ambiente. Viver em harmonia com a natureza, passa também por alguma reflexão a esse nível, pois as nossas escolhas têm impactos consideráveis na vida de outras pessoas e no meio ambiente.
Novos hábitos alimentares e de organização da cozinha/dispensa
As minhas sugestões vão sempre dar ao mesmo, não é verdade? Adquirir novos hábitos alimentares e de estilo de vida, pois é mesmo essa a minha mensagem primordial e nas sugestões abaixo vemos ainda como poupar na carteira e na saúde!
Podemos então começar com dicas de poupança…isso mesmo, podemos começar por reduzir ou eliminar o consumo de alguns produtos e que feitas bem as contas darão um belo encaixe para fazer opções mais nutritivas e saudáveis depois:
– Carne e peixe
As pessoas podem não estar disponíveis para eliminar completamente o seu consumo, mas reduzir já fará sentir os seus efeitos na carteira e na saúde. A optar por proteína animal deverá ser dada preferência ao peixe branco, de origem local e oriundo de pesca o mais tradicional possível, pois os grandes arrastões estão a arrasar com múltiplas espécies e a impedir o normal ciclo de reprodução dos peixes.
– Lácteos
Considerando que há quem inclua lacticínios em praticamente todas as refeições, é fácil fazer as contas. Além disso verá melhoras significativas de bem-estar e vitalidade, e qualidade da pele, e de funcionamento intestinal, entre tantas outras mudanças, que efetivamente não têm preço.
– Café
Um café por dia a 0,65€ equivale a 237,25€/ano, palavras para quê?
– Bebidas alcoólicas
São também produtos que para serem de qualidade têm custos elevados, é bom considerar outras opções de bebida, deixando as bebidas alcoólicas para celebrações. O fígado vai rejubilar!
– Sumos e refrigerantes
Alguns dos aspetos atrás referidos talvez sejam difíceis de eliminar por questões de hábitos, rotinas, crenças e tradição. Já os refrigerantes apresentam apenas desvantagens no seu consumo e pode ser mais uma oportunidade de poupança. Podem sempre fazer sumos em casa, com fruta da época, se existir esse hábito e desejo.
– Doces de pastelaria
Temos quase todos a memória de infância do cheiro a bolo nas tardes de domingo em casa das avós. Não havia o hábito de abusar de doces de pastelaria diariamente e por isso sempre que havia doce era muito mais apreciado. Além disso, são sempre custos desnecessários na fatura mensal. Hoje em dia os produtos utilizados na confeção destes doces são de muito baixa qualidade e todos processados, mais uma razão para os abolir da nossa dieta.
– Frutas tropicais e exóticas
Mangas, papaias, abacaxi, banana, são frequentes nas mesas dos portugueses, mas a verdade é que são adequadas a países e climas tropicais. Além de não serem benéficas para a saúde, por essa razão, a verdade é que também não são baratas e preferir frutas locais e da época trará apenas vantagens.
E se até aqui falamos do que eliminar, importa saber então que opções fazer e que também estas sejam acessíveis à generalidade das carteiras.
Quando se fala em cozinha macrobiótica, quem conhece algo vai logo dizer que são utilizados produtos exóticos de origem oriental e que estes habitualmente são muito caros. Noutras correntes virão referir os superalimentos e o super custo respetivo, porém, sendo certo que podemos eleger essas opções, cujas propriedades estão reconhecidas e daí serem usados, a verdade é que a alimentação natural saudável não tem que passar por essas iguarias, a base dos pratos macrobióticos são os cereais, as leguminosas e os vegetais, que são os produtos mais baratos do mercado.
É importante ainda perceber que nos bastam 3 refeições diárias, se estas forem nutritivas e completas, o que fará com que se evitem alguns lanches e snacks, permitindo ao sistema digestivo descansar.
Podem dizer que depois a comida não será tão saborosa, mas a verdade é que com alguma criatividade conseguimos pratos deliciosos recorrendo apenas a produtos locais e tradicionais do nosso país:
– Condimentos: usar sal marinho integral, com uma costa como a nossa é fácil encontrar e de boa qualidade; usar ervas aromáticas, limão, alho e azeite.
– Leguminosas: A granel biológicas ficam mais baratas do que enlatadas não biológicos. E um bom planeamento permite demolhar e cozer maiores quantidades e usar depois em diferentes pratos e mesmo congelar em doses.
– Verduras e frutas: Podemos comprar em produtores certificados, mas igualmente nos mercados conhecendo os produtores pedindo para ver as produções e questionando sobre o uso de pesticidas e herbicidas. De todo o modo, comprar local e da época já reduz o preço consideravelmente.
– Cereais: também podem ser comprados a granel, reduzindo o consumo de plástico e a sua preparação pode ser também planeada e permitir poupar tempo e dinheiro fazendo uma maior quantidade e utilizando de diferentes formas.
O adequado planeamento faz com que se evite o desperdício.
Alimentos biológicos são mais nutritivos e saudáveis, melhor assimiláveis e com muito mais sabor.
De todo o modo, acreditem que se poupa na farmácia e em consultas médicas.
Uma última nota para referir que a oferta tem vindo a aumentar e de acordo com as leis do mercado o incremento da procura fará com que a oferta aumente e os preços desçam, aliás é ver que as grandes superfícies já começam a oferecer algumas opções. Eu vou continuar a preferir o comércio local e tradicional para as minhas compras.
E por falar nisso é dia de ir às compras!
Artigo by Vânia Magalhães
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